Apresentando INKED: menino Ney acerta um gol de placa

Na primeira vez que soube que seria lançado no Brasil um quadrinho do Neymar, torci não só o nariz, mas o corpo todo. Pensava comigo “caramba, esse cara quer se promover em todas as mídias…”. Presumi isso porque, sendo eu fã de futebol, já tinha a sua imagem saturada como “o menino bom de bola que carrega o time nas costas, porém tem muitos problemas pessoais” etc. Mas, além disso, quem não percebe o quanto ele influencia pessoas, ora incentivando o esporte, ora na moda (suas roupas e cortes de cabelo), até mesmo pelas ações sociais – para quem não sabe, ele faz grandes doações para causas filantrópicas, a exemplo de Cristiano Ronaldo, Messi e outros grandes nomes do futebol. Então, por que não aceitar os lados positivos desse todo que compõe o ícone Neymar Jr.?

Pessoas que se destacam e extrapolam (no bom sentido) o seu meio, costumam se aventurar em outros ramos como forma de alcançar um público mais amplo. Do mesmo modo, filmes como Star Wars investiram pesado em bonequinhos de action figures a fim de atingir o mercado infantil; também lançaram uma série extensa de livros que perduram até hoje, sendo muitos oficiais para sabermos o que houve entre os episódios cinematográficos. Quer dizer, não só obrigam os fãs dos filmes a ler os romances, independente de eles terem o hábito de leitura ou não, mas também podem despertar a curiosidade de quem não goste tanto de cinema, mas adore livros. Ah! Não vamos esquecer também dos diversos quadrinhos de Star Wars que até mangás temos licenciados. Em outras palavras, grandes marcas e franquias sempre se aventuram em mídias diferentes das suas de origem, com muitas formas de merchandising para dominar o mundo. Ou seja, não é novidade alguma esse tipo de coisa. O que vai importar é se o resultado será bom o não.

Com isso em mente, eis que adquiro um exemplar da chegada da marca Neymar Jr. no mundo das HQs de super-heróis, com sua obra “Inked – A arte ganha vida”, produzida pela Fan the Flame e publicada no Brasil pela Mythos Editora. E, neste primeiro volume, temos as 5 primeiras histórias que foram lançadas no site oficial www.neymarjrcomics.com.

Na introdução, temos uma mensagem inicial de Neymar Jr. sobre seus sonhos de infância quanto a ser jogador de futebol e super-herói. E, depois de ter realizado o primeiro, quis divertir os fãs por meio do segundo.

Foi aí que o meu preconceito pela obra se foi.

Voa, rapaz

As tatuagens do atleta na vida real foram peças fundamentais para a criação desta HQ. Ele mesmo afirma que elas são representações de família, amigos, momentos importantes de sua vida, coisas com as quais se importa e que lhe dão forças, como o leão em sua mão. É desta última principalmente que Inked se inspira: o quanto uma tatuagem pode motivar seu dono e dar a ele forças para atingir seus objetivos. É o que ocorre literalmente com o personagem Júnior, o protagonista da HQ, inspirado no atleta.

Ao falar do enredo deste lançamento, peço que esqueçam o futebol, pois a premissa segue a fórmula de origem de super-herói, e posso afirmar que é um super-herói genuinamente brasileiro. Júnior é morador de uma comunidade e têm laços estreitos com a família, principalmente com sua irmã, Mariana, cujo sequestro se torna o gatilho para o protagonista tomar o caminho da já conhecida jornada do herói contra um cartel que domina a comunidade. Assim, ele enfrenta seus inimigos utilizando seus poderes oriundos de suas tatuagens que ganham vida.

É surpreendente como dois gringos – o americano Jason M. Burns (roteiro) e o mexicano Fernando Peniche (arte) – conseguiram representar o Brasil, ainda que na superfície, tão bem em seus personagens e nas ambientações (comunidade/periferia); em tempos que exigem representatividade, eles acertam a mão. Com certeza será uma ótima porta de entrada para o mundo dos quadrinhos para aqueles que admiram o menino Ney e precisam de constante incentivo para entrar no mundo da leitura.

3 thoughts on “Apresentando INKED: menino Ney acerta um gol de placa”

  1. Devo admitir que fiquei curioso para conferir, sobrando um trocadinho eu pego. Mas acho que a pouca divulgação (ou nenhuma?) não fará esse quadrinho chegar a quem ele queria alcançar, não sei lá fora mas aqui no Brasil acho difícil.

    1. Verdade, Rodrigo. Essa é uma das nossas dúvidas, se a obra vai conseguir atingir o público-alvo e/ou não vai ser esquecido… Em breve divulgaremos mais sobre o assunto e a obra em questão com vídeo, além de um artigo abordando esses tópicos.

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