Dylan Dog – Na fumaça da Batalha

“Dizem que os caminhos do Senhor são infinitos… mas eu suspeito que os do mal também são numerosos!”

Dylan Dog é um personagem que conheci brevemente quando, na minha infância, adquiri o volume 6 da editora Conrad, intitulado “Depois da meia-noite”, porém, confesso que não me recordo de absolutamente nada da história para comentar aqui. Mas, por conta do destino – ou porque nossas vidas são feitas de segundas chances –, recebo em mãos novamente o nº 6, só que desta vez a edição é de uma nova série de Dylan Dog. Trata-se de uma atualização do universo do personagem, com novos autores e desenhistas e é uma estratégia editorial da Bonelli para atrair um novo público, assim como acontece em Tex Willer (veja nosso vídeo sobre o jovem Tex aqui). A nova série está sendo publicada bimestralmente e alternadamente à série clássica pela Mythos Editora.

Posso afirmar que foi uma ótima leitura, pois apesar de ser o sexto volume, não precisei conhecer o personagem previamente para entender a história, ou seja, não ter lido os volumes anteriores não afetou o desenrolar da trama. A propósito, a maioria das HQs da Bonelli pode ser lida aleatoriamente porque elas foram planejadas desse modo – com histórias fechadas por volume, com exceção dos arcos especiais. Portanto, se você não conhece nada de Dylan Dog, pode ter a mesma experiência de descoberta e fascínio que eu tive ao ler tal história.

No enredo de “Na fumaça da batalha”, Susy é uma mãe que está de luto por causa da perda trágica de seu filho Joy, aos dez anos de idade. Um ano depois do ocorrido e ainda abalada psicologicamente, ela começa a receber mensagens perturbadoras do menino através de um chat – levemente parecido com Stranger Things, quando Will Byers tenta se comunicar com a mãe; lembrando que “Na fumaça da batalha” foi publicada originalmente na Itália em 2015, um ano antes da estreia da série. Essas mensagens acabam colocando em dúvida se a morte dele fora de fato acidental ou um suicídio em decorrência de sua Síndrome de Asperger. Para que isso seja resolvido, Susy recorre ao herói Dylan Dog para salvar a alma de seu filho do limbo.

Existem camadas de interpretação sobre a vida e a morte e os laços entre mãe e filho que unem esses dois mundos. Tais relações são muito bem representadas visualmente na HQ, como a alternância entre a história de Susy no mundo real com a vida pós-morte de Joy, cujo cenário lembra passagens do filme Constantine (2005), principalmente o conceito visual de céu e inferno.

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