Melhores leituras de 2020

ENCRUZILHADA
Roteiro e arte: Marcelo D’Salete
Editora: Veneta

Considero Cumbe e Angola Janga de Marcelo D’Salete verdadeiras obras-primas, mas Encruzilhada me acertou em cheio. Talvez por retratar São Paulo – cidade que conheço, gosto e odeio na mesma intensidade – e a violência urbana pelos olhos de quem sofre, tenha sido o ponto chave para me identificar com o quadrinho.
São seis histórias de moradores, trabalhadores e sofredores, da periferia ao centro da grande metrópole, tentando viver suas vidas. Parece simples, mas não é. É violência, injustiça, caos, e o mais triste, são histórias muito reais.

O GOURMET SOLITÁRIO
Roteiro: Masayuki Kusumi
Arte: Jiro Taniguchi
Editora: Devir

Algumas (ou muitas) pessoas podem sofrer com a falta de conflito nos quadrinhos de Jiro Taniguchi, é o caso de O homem que passeia, obra contemplativa na qual o personagem sai pelas ruas admirando elementos do cotidiano, isso é muito diferente de HQs de heróis ou mangás shonen, por exemplo. Já em O gourmet solitário, mesmo sendo escrito por outro autor, Masayuki Kusumi, é um mangá que tem todo ar “taniguchiano”: parado, contemplativo, sem grandes pretensões ou conflitos. Nele, apenas acompanhamos o personagem principal em suas andanças, apreciando a comida nos mais variados lugares do Japão. É curioso, no mínimo.

DORORO
Roteiro e arte: Osamu Tezuka
Editora: NewPOP

Osamu Tezuka é o deus dos mangás e blá blá blá. Muitos já ouviram tanto isso que nem ao menos apreciaram uma obra sequer de Tezuka. Comece por aqui, vai por mim! Apesar do traço cartunesco não combinar com o enredo inicialmente sinistro, foi impossível largar a leitura.
Dororo se passa no Japão feudal e conta a história de Hyakkimaru, um menino que nasceu sem 48 partes de seu corpo, tudo culpa de um pacto que seu pai fez em troca de poder. Para tentar se restaurar, o herói precisa iniciar sua jornada para derrotar os 48 demônios que possuem as partes de seu corpo.
Os quatro volumes estão esgotados e, aparentemente, sem previsão de uma nova edição, mas é possível encontrá-los em sebos. Acorda aí, NewPOP!

TEX GIGANTE 34: A VINGANÇA DE DOC HOLLIDAY
Roteiro: Mauro Boselli
Arte: Laura Zuccheri
Editora: Mythos

Foi minha primeira leitura de Tex… comecei bem! É a mistura perfeita da história do lendário Doc Holliday com o filme Tombstone no universo de Tex, contando com a arte impressionante de Laura Zuccheri. Tem resenha AQUI.

YOUR NAME
Roteiro: Makoto Shinkai
Arte: Ranmaru Kotone
Editora: JBC

Your Name é uma animação de 2016 de tanto sucesso (Omelete e Rotten Tomatoes) que acabou recebendo adaptações para outras mídias, como a novelização em mangá, um livro e que provavelmente receberá uma live-action em breve. Não tenho como comparar a qualidade da adaptação em si, pois li somente o mangá e, mesmo assim, gostei bastante da história…
O enredo brinca com a troca de corpos entre os adolescentes Taki Tachibana, o garoto da cidade de Tóquio e Mitsuha Miyamizu, a garota cansada de sua vida no interior. A vida dos dois não é trocada de maneira definitiva, funciona mais como um sonho no qual um vive a vida do outro e, quando acordam, restam apenas vestígios do que viveram na memória. É um romance onírico raro de se ver, ainda que use alguns elementos típicos do gênero.

JÚLIA VOL. 1: OS OLHOS DO ABISMO
Roteiro: Giancarlo Berardi
Arte: Luca Vannini
Editora: Mythos

Foi a história que me introduziu ao universo de Júlia Kendall e é também a primeira aparição da serial killer inimiga número um da criminóloga. Você pode ler tudo de Júlia Kendall no blog clicando AQUI.

OPEN BAR
Roteiro e arte: Eduardo Medeiros
Editora: Panini

Open Bar me pegou de surpresa pela afeição que senti pelos dois personagens principais, os amigos Barba e Léo, e pela profundidade da relação deles mascarada por uma arte cartunesca “fofinha”. Eu diria que foi a melhor HQ que li em 2020, apesar de ter me destruído emocionalmente por um momento…

VIAGEM SOLITÁRIA
Autor: João W. Nery
Editora: Leya

Para o leitor que não sabe nada do universo LGBT, Viagem Solitária pode ser um choque de realidade necessário. A autobiografia de João W. Nery, oficialmente o primeiro trans-homem no Brasil, narra sua vida desde o estranhamento de ter nascido em um corpo errado, ou seja, mente masculina no corpo de uma menina, até a aceitação e a trajetória pelo reconhecimento de sua identidade de gênero. Narrada de maneira muito honesta e humana, recomendo que o leitor deixe qualquer resquício de preconceito de lado e conheça a história de João W. Nery.

MINDHUNTER
Autores: John Douglas, Mark Olshaker
Editora: Intrínseca

Já falei sobre a série Mindhunter aqui no blog e recomendo muito que você assista antes de ler, pois servirá como um guia visual, podendo melhorar ainda mais a sua experiência literária. Se a série foi uma das melhores (se não a melhor) que vi no ano, o livro que a inspirou não foi diferente. Na obra, acompanhamos o início dos estudos de Pesquisa Comportamental de serial killers feitos in loco por agentes da FBI, cujo conhecimento adquirido é utilizado até hoje.

V. H. S.: VERDADEIRAS HISTÓRIAS DE SANGUE
Autor: Cesar Bravo
Editora: Darkside

A cidade atormentada de Três Rios passou a existir na minha cabeça depois de ler a obra de Cesar Bravo. São pessoas e situações tensas divididas em contos sanguinolentos que detalhei em outro post AQUI. Fique de olho nos lançamentos do autor, vale muito a pena.

UMA MULHER NO ESCURO
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras

O jovem autor de romances policiais, Raphael Montes, ganhou mais reconhecimento fora das páginas ao ter sua obra em parceria com Ilana Casoy, Bom dia, Verônica adaptada para uma série recentemente. Mas convido você a conhecer outros livros que construíram a carreira de Raphael Montes, como: Suicidas, O vilarejo (terror), Dias perfeitos e Uma mulher no escuro. Este último, sobre uma jovem mulher perseguida pelo assassino de sua família, ganhou o Prêmio Jabuti 2020 na categoria de Melhor Romance de Entretenimento. Falei sobre o enredo em outro post que você pode ler clicando AQUI.