Tex Graphic Novel 1: O herói e a lenda

Antes de partir para a resenha, é preciso esclarecer do que se trata a coleção, afinal são mais de 70 anos de história nas costas. Sendo um personagem criado em 1948 e sendo lançado ininterruptamente até hoje, Tex já teve muitos formatos diferentes, entre eles As grandes aventuras de Tex, edições gigantes, preto e branco e colorido, Tex Willer etc. Já a série de graphic novels em questão faz parte de uma iniciativa da Sergio Bonelli Editore em trazer diferentes escritores e artistas para desenvolverem sua própria versão do herói texiano, sem estarem necessariamente presos ao cânone do personagem.

Para quem acompanha quadrinhos nacionais, é a mesma proposta da Graphic MSP, na qual diferentes artistas propõem histórias para a Turma da Mônica, com aval do patrono Mauricio de Sousa.

A publicação

Apesar do impresso ter apenas 52 páginas, ele recebeu ótimo tratamento com capa cartonada em papel de alta gramatura, assim como o miolo colorido em papel offset. Tenho em mãos as oito graphic novels lançadas no Brasil até o momento pela Mythos e todas seguem o mesmo padrão de papel e formato 20,5 x 27,5 cm.

E não se preocupe com a quantidade aparentemente curta de páginas, com os escritores e artistas de altíssimo nível escolhidos a dedo pela Bonelli, é surpreendente a qualidade do produto final.

Notem que o logo “Graphic Novel” foi adicionado posteriormente, a partir da segunda edição brasileira

Roteiro e arte

A ideia de uma versão de Tex pelas mãos de Serpieri estava dormente há anos, inclusive havia sido proposta ao Sergio Bonelli em pessoa que, por diversos fatores, não havia posto o plano em ação. Não dá para dizer que foi uma aposta tardia porque o valor é perceptível quando se tem a edição nas mãos, e posso dizer que a graphic novel chegou em boa hora, tanto pela proposta quanto pela belíssima arte.

Com as nove páginas de prefácio da primeira edição, o leitor estará muito melhor informado sobre os bastidores da produção, assim como entenderá a vontade de Paolo Eleuteri Serpieri em fazer parte de uma aventura no velho oeste. O amor de Serpieri pelo faroeste americano remete ao início de sua carreira, muito antes de fazer sucesso com suas histórias sci-fi eróticas em Druuna, quando criava quadrinhos de faroeste na década de 1970.

Com roteiro e arte belíssima de Serpieri, nada mais justo e marcante para Tex do que trazer um artista consagrado e genuinamente fã do gênero para o álbum de estreia da coleção lançada originalmente em 2015 na Itália e em 2016 por aqui.

Serpieri é monstro, que arte!

Sinopse

Internado em um asilo no ano de 1913, o caquético Kit Carson narra uma passagem memorável sobre Tex a um entusiasmado escritor. Ele relembra o ano de 1855, quando guiava uma patrulha que perseguia traficantes de armas liderados pelo comanche Lua Negra.

Muito sol faz mal para a pele, usem protetor solar…

Depois da introdução, o leitor é apresentado ao ranger de camisa amarela, porém levemente modificado por Serpieri: é um Tex mais jovem, com mullet e mais implacável que o habitual. Tex está muito mais avançado na caçada aos bandidos, porque ele está sedento por vingança.

Sua agressividade é justificada pelo fato de o bando, além de ter roubado armamentos e sequestrado uma mulher, ter deixado um rastro de sangue navajo para trás; o povo amigo de Tex Willer. Sabendo que Lua Negra é o mandante de todos os crimes, Tex precisa resolver essa questão pessoal, além de ter que salvar a pele de inocentes, incluindo Kit Carson.

Tiroteio garantido

O herói e a lenda

Mesmo eu sendo um leitor novato de Tex, – até o momento eu só havia lido Tex Gigante 34: A Vingança De Doc Holliday, fiz até resenha – já percebi o espírito inquebrantável e o senso de justiça que habita o personagem, características fortes que podem ser vistas em outros personagens de mesma índole como Batman e Superman.

Por que a comparação de um ranger com super-heróis? Porque está atrelada à narrativa que Serpieri criou: Tex deixa de ser apenas um cavaleiro honrado para se tornar um ícone de bravura, tenacidade e justiça, assim como acontece com os heróis superpoderosos.

Apesar de suas ações truculentas movidas pela vingança, a versão do ranger de Serpieri não foge do cerne do personagem, pelo contrário, ele enaltece suas características mais nobres em situações críticas, como o verdadeiro herói deve ser.

Postaremos mais fotos lá no Instagram (@anemia_cerebral)

*valeu pelo empréstimo, Leandro!

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